Você vai tentando dançar a sua música
enquanto todos tentam te estuprar
você abre a gaveta pra ver a bagunça
e a geladeira pra ter motivo para sair
para poder ter desculpas para assassinar
num só chiado uma pobre criança
que já está morta e todos sabem
que ninguém conseguirá chegar lá
sem heróis e sem esperança
mas este é o jogo e tudo bem.
Sobe o ônibus, desce e um cigarro
alguém o encara como se tu fosse um filé
mas tudo bem cada qual com seu defeito
consciência gonorreia moral chulé
um passo à frente e a nudez da mulher
da tv que o sodomiza rasgando até o peito
deixando a cara em escuridão
os suicídios como um grande clarão
necrose no pilar da educação
esperma bombeado pelo coração
o cabelo preso no trinque do porão
o som agudo da palavra não
desafiando o homem ao chão.
Numa lembrança secreta
me vi em dois espelhos
uma era mulher diante do mar ereta
e a segunda tinha líquen nos cabelos
não há como ter certeza concreta
mas acariciava os meus pelos
de minha buceta em direção certa
a você!
Textos, escolhas, cenas e ações. Eu deveria descrever o blog. Mas necessito de algo mais...
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Uma história próxima de um assassinato
Dorme menina, aproveita que tudo se desfez em cinza. É tudo frio. Não há mais nada, nada falta, ele disse. Então aproveita, menina, retire as coisas de seus lugares. Observe o espaço e lance um perfume cheiroso em cada cama. Tire qualquer móvel que serve para sentar, para encostar, para esfregar e qualquer outro que não mude de cor. Axé, menina! São novos tempos, mais cinza, é claro... e escuro.
Dorme menina, para depois acordar. Acordarás em pleno voo, descendo dos céus com um enorme para-quedas. Descerás no meio de um grande carnaval. Entre surdos e ouvintes. Entre retalhos de cetim e versos não memorizados, cantarás sem saber qual canção. Serás feliz e não pensarás sobre isso na hora. Quando estiveres cansada? Dormirás novamente.
Dorme menina, que dançarás num banho de mangueira. Não agora, quando acordares e ver que é verão. Que está calor, que terás uma vontade imensa de tomar banho de água bem fria. Vais querer molhar a espinha com a água gelada. Darás suspiros de frio e de choque térmico. Vou te chamar de Estela.
Dorme. Mandarei todos fazerem silêncio, pois és o meu amor e quero que sonhe com meu nome. Te observo, mas sei que irás acordar a qualquer momento. Verás os lençóis desarrumados. Notará que está anoitecendo. Que estás suada, que faz muito frio. Notarás uma dor nas costas e nas pernas. Tentará dizer algo e não conseguirá. Dorme, menina. Aproveita o sono.
Quando acordares me verá. Vais estranhar o meu rosto pálido, este peso na testa, esse olhar que não dorme. Um olhar que observa com apreensão. Que espera com esperança de que a qualquer momento toque a última música. Que faça um silêncio mortal. Que eu chore e perceba que minha vida está com você. Que ao te ver eu não me entenda. Que eu veja o nada. Me levantarei e olharei para o céu. Registrarei a imagem do céu.
Dorme menina, dorme.
Dorme menina, para depois acordar. Acordarás em pleno voo, descendo dos céus com um enorme para-quedas. Descerás no meio de um grande carnaval. Entre surdos e ouvintes. Entre retalhos de cetim e versos não memorizados, cantarás sem saber qual canção. Serás feliz e não pensarás sobre isso na hora. Quando estiveres cansada? Dormirás novamente.
Dorme menina, que dançarás num banho de mangueira. Não agora, quando acordares e ver que é verão. Que está calor, que terás uma vontade imensa de tomar banho de água bem fria. Vais querer molhar a espinha com a água gelada. Darás suspiros de frio e de choque térmico. Vou te chamar de Estela.
Dorme. Mandarei todos fazerem silêncio, pois és o meu amor e quero que sonhe com meu nome. Te observo, mas sei que irás acordar a qualquer momento. Verás os lençóis desarrumados. Notará que está anoitecendo. Que estás suada, que faz muito frio. Notarás uma dor nas costas e nas pernas. Tentará dizer algo e não conseguirá. Dorme, menina. Aproveita o sono.
Quando acordares me verá. Vais estranhar o meu rosto pálido, este peso na testa, esse olhar que não dorme. Um olhar que observa com apreensão. Que espera com esperança de que a qualquer momento toque a última música. Que faça um silêncio mortal. Que eu chore e perceba que minha vida está com você. Que ao te ver eu não me entenda. Que eu veja o nada. Me levantarei e olharei para o céu. Registrarei a imagem do céu.
Dorme menina, dorme.
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