me causando dor de cabeça
tinindo lá no fundo
acima desta auréola de fracassos
os homens trocam os dias
repetem as manhãs
assassinam demasiado noite
qualquer amanhecer que nasce com o pé na cova
disso eles não lembram!
não há como! eles me dizem
amnésia coletiva antes que eu esqueça
que alguma morte irá chegar
algum familiar próximo não se moverá
eu o remexerei e falarei nomes
a memória sentimental aparecerá
os tais dos tal presentes perdidos
e não serei o primeiro
será apenas o meu número chamado
cotações em alta no desespero
e quando menos chegar
e chega a qualquer idiota possível
a memória de corpo
pais filhos terra de cadáveres
com mãos mirando o céu
vocês insistem com este amanhã
não entendo a diferença temporal
por mais que me esforce
não consigo lembrar de poucos
e mesmo não tendo esta memória
que me atingiria com o grau de humanidade
tão caro a nossa espécie de hoje
meus olhos criam bolsões em meu rosto
aftas abrem distrito em minha boca
minhas vértebras doem antes mesmo de começarem a doer
te digo amigo-surdo
eu deveria envelhecer esta noite
mas esta se esqueceu também
apenas o velho cansaço
o antigo tédio do nada o que fazer
diante deste nada a prescrever!
diante deste nada a prescrever!