se fosse planejar a minha vida morreria jogado em uma viela qualquer
minha atribuição na vida dos outros só serve para planos destes
não há possibilidade de qualquer outra resposta
assim que se referem a mim, sempre sem opção
e quanto isso os anos vão passando e eu vou ficar de lado
vivendo em dor e sem sequer alguém tentar me entender
mas sigo tentando ser forte e tentando manter uma calma quase budista
e o que recebo em troca quando falo o que quero?
flechas, tiros, babas de raiva, porque sou insensível
sou aquele que nunca coloca os outros
ou que não reconheço o papel de cada um em seu lugar
e nisso
sigo sem casa
sigo sem descansar
sigo ajudando os outros
sigo perdendo os cabelos
engolindo seco aquilo que é raiva automática e sem sentido do outro
que não consegue ver quem está a frente dele
mas é um dia diferente do outro
totalmente fora do cotidiano
que ninguém esperava
que ninguém poderia sonhar que este dia chegaria
eu vivo nos outros dias
nestes que ninguém dá bola
que não funciona nada
são nesses dias em que morrem alguém que você ama
são nesses dias que alguém que você deixou de lado sumiu
são nesses dias de repetição automática
que você não me vê
que não me escuta
são os dias que tento brilhar pra você
e você não se encontra
mas continuo ali
persistente
me desdobrando para não te machucar
para que se sintas confortável
para que a bosta toda que está a sua volta não se rompa e suje tudo
essa bosta preenche o vazio de meus ossos e espirra cada vez que eu pisco os olhos
toda essa lama que gritas para que alguém a junte e que destrói cidade atrás de cidade
eu a vejo nas suas gengivas
vejo embaixo das suas unhas de dedos frenéticos matando um atrás do outro
normalmente são crianças
pois assim você presta atenção
e normalmente tem menos de cinco anos
e capturada por uma câmera de um país longínquo
e todas essas coisas a mais
sei de tudo
é isso que sai do teu pau quando gozas vendo alguma pornografia barata no seu computador
ou que arrepias quando no escuro teu dedo desliza num visor qualquer
em vez de deslizar em você
pelo menos
e então o telefone toca
me chamam
me perguntam
darei aquela resposta
serei quase coerente
você aumentará o tom de voz
usarás outra resposta coerente
e eu ficarei mal
por causa sua
e você ficará mal por causa sua
não minha
nunca minha
eu fico sozinho e aprendo com isso
ainda estou aprendendo
e me preocupa a ordem das mortes
mas aí estou pensando de novo em você
Textos, escolhas, cenas e ações. Eu deveria descrever o blog. Mas necessito de algo mais...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
a um animal qualquer ali no canto da sala
ele deve estar atrás da porta pronto para comer a minha mão
esta mão que escreve agora e coça as minhas costas
e entra dentro da minha boca e que é mordida por mim mesmo
e que pensa em matar alguém
em empurrar penhasco abaixo em quanto registra por algum meio
sua própria aparência
sua própria decadência
diante de outros
escuto latidos agora
deve ser ele
ou algum aspecto novo dele para poder rondar a minha cama
mijar na minha porta e esperar eu sair
quando eu for jogar o lixo para fora
é o que ele espera fazer
eu estou na sua mira
e devo estar na mira de tantos outros
sou um cadáver em potencial
prestes a fazer sexo com alguém que seja e procriar
um outro cadáver em potencial
tudo para enfiar mais gente nessa redoma de bosta
ele quase me pegou
mas desviei
fingi que ele estava aqui e que fui forte o bastante para desviar
mas é mentira
tudo é mentira
apenas quando o mais íntimo vier a tona
e eu morrer
sentirei aquela sensação de estar em casa
esta mão que escreve agora e coça as minhas costas
e entra dentro da minha boca e que é mordida por mim mesmo
e que pensa em matar alguém
em empurrar penhasco abaixo em quanto registra por algum meio
sua própria aparência
sua própria decadência
diante de outros
escuto latidos agora
deve ser ele
ou algum aspecto novo dele para poder rondar a minha cama
mijar na minha porta e esperar eu sair
quando eu for jogar o lixo para fora
é o que ele espera fazer
eu estou na sua mira
e devo estar na mira de tantos outros
sou um cadáver em potencial
prestes a fazer sexo com alguém que seja e procriar
um outro cadáver em potencial
tudo para enfiar mais gente nessa redoma de bosta
ele quase me pegou
mas desviei
fingi que ele estava aqui e que fui forte o bastante para desviar
mas é mentira
tudo é mentira
apenas quando o mais íntimo vier a tona
e eu morrer
sentirei aquela sensação de estar em casa
Assinar:
Comentários (Atom)