terça-feira, 1 de dezembro de 2015

a um animal qualquer ali no canto da sala

ele deve estar atrás da porta pronto para comer a minha mão
esta mão que escreve agora e coça as minhas costas
e entra dentro da minha boca e que é mordida por mim mesmo
e que pensa em matar alguém
em empurrar penhasco abaixo em quanto registra por algum meio
sua própria aparência
sua própria decadência
diante de outros

escuto latidos agora
deve ser ele
ou algum aspecto novo dele para poder rondar a minha cama
mijar na minha porta e esperar eu sair
quando eu for jogar o lixo para fora
é o que ele espera fazer

eu estou na sua mira
e devo estar na mira de tantos outros

sou um cadáver em potencial
prestes a fazer sexo com alguém que seja e procriar
um outro cadáver em potencial
tudo para enfiar mais gente nessa redoma de bosta

ele quase me pegou
mas desviei
fingi que ele estava aqui e que fui forte o bastante para desviar
mas é mentira
tudo é mentira
apenas quando o mais íntimo vier a tona
e eu morrer
sentirei aquela sensação de estar em casa

Nenhum comentário:

Postar um comentário