Qualquer esforço será em vão. Toda tentativa resvala para a cova do fracasso. O que nos resta é este cansaço. Este desconforto. Essa vontade de explodir de alguma forma: gritando, chutando, apanhando, chorando, sangrando, cortando, esmurrando, urrando, gozando, gozando, gozando... gozando.
O que fazemos é manter a respiração em dia. O sangue limpo. Ingerir a quantidade certa de fibras para poder cagar em paz. Tomar água. E depois? E antes? Antes é pior.
Aquilo que sou é uma sombra. Sombra de algo que não sei o que é, mas acredito ser muito mais escuro do que aparento ser. Essa escuridão está relacionada a ausência de luz nos olhos da razão. A razão é um verme instalado, com residência fixa, tv a cabo e tudo, dentro de nossos cérebros. Essa massa roxa que pesa não sei quantos quilos e que não consegue descansar um só segundo em tudo isso chamado de vida.
Essa descontinuidade às vezes me perturba de tal maneira que às vezes penso em dar um fim à esse fio de vida que me segura aqui diante desse nada. Às vezes, quando ando na rua, olho mendigos, crackeiros, idosos, decrépitos, pessoas obesas, pessoas com anomalias, todas as pessoas no final, e tento imaginar o que eles pensam. Me entristece esse exercício solo. Porém, há um certo prazer escondido nisto. Brincar de máscaras podres. Máscaras perdidas. Máscaras de dor. Muitos pensam: "Que dor é essa? Como chegarei até lá? Tomara que passe!" Ela não chega e nada passa. Outras: "Porque eu não acabo com isso de uma vez?" O suicídio é maravilhoso. O suicídio é uma corda onde as duas pontas - coragem e covardia - estão amarradas no mesmo nó que é enrolado no pescoço. Eu sigo jogando apenas.
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