O seu sonho é sempre o mesmo:
Menina de cabelo vermelho entra pelo estabelecimento. Pede um café preto. Sem açúcar. Acende um cigarro, dobra a perna direita na esquerda. Abre a mochila. Procura alguma coisa. Fica estática. Olhar apreensivo. Parece que se esqueceu de alguma coisa, ou que lembrou de outra. Fecha a mochila. Deixa o cigarro no cinzeiro. Coloca dois reais na mesa e sai correndo.
Ele aperta o play novamente. O play! As crianças de hoje não sabem ler, mas sabem apertar o play. Num segundo tudo para. Fleches de luz entram pela janela numa sequência nada lógica. Ele levanta lentamente da cadeira, nú, vai até a varanda de seu apartamento. Sétimo andar. Olha para o terreno vazio a frente de seu prédio. Um enorme morango no meio do terreno baldio. Um casal se beija ao lados dele. A mulher do casal tem o cabelo vermelho e o homem parece estar com uma camisa branca e de chapéu preto. Os relâmpagos se tornam mais fortes agora. A chuva molha o seu corpo. Olha do lado direito, oposto do terreno vazio, poucos carros que passam pela avenida. É exatamente a mesma hora de sempre. O mesmo dia. A música agora parou de novo. Ele retorna ao computador e aperta play. Ele espera que de alguma maneira ela entre pela sala a dentro, a base de socos pontapés sorrisos a tiro talvez...
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