Como Sísifo, grande parte de minha vida gasto em levar essa pedra-vida-que-tenho até o topo da montanha. Essa montanha não é um barranco, nem um morro, ou uma serra... Nada disso. Montanha! Algo elevado que parece cruzar as nuvens para se chegar ao topo. A tomada de consciência me obriga, como se eu fosse uma divindade, me tornar artista e recriar meu mundo. Como é cruel a tragédia! Como infantil me sinto e ao mesmo tempo me deparando com o absurdo, o que falo é um devaneio jogado ao vazio. Isso não se torna se quer um pó diante disso tudo. Desse nada. O que percebo é uma fraqueza minha. Tatuada, em cicatriz, com aquilo tudo que eu tenho a impressão de ser eu. E de repente, meu pensamento se volta a outra coisa. Menino jovem, aparentando quinze anos-perdidos-em-nome-de-vícios-da-rua-que-fogem-julgamento, me para na rua pedindo uma informação que não há sentido. Ele me pergunta as horas. Sabendo que essa pergunta não gera sentido algum, que não há horas a saber. Que não importa o espaço de tempo que ele se encontra. Que dirá ele em relação a mim e vice-versa.
Volto ao dito real. Faço o que não devia. Falo o que me ignora. Cego perante ao mundo. Pitando quadros inexistentes na tentativa de algo que transcenda esse pequeno momento de consciência.
Tento, fracasso. E fracassarei como a pedra que desce novamente a montanha.
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