quarta-feira, 18 de abril de 2012

gotas

Pequenas gotas caem. Mínimas e longe. São quase imperceptíveis nessa escuridão. Gotas. Algum líquido grosso, pesado. Não é aguá. É tristeza enjaulada se desfazendo em gotas. E ninguém na volta. Apenas a menina com o vestido branco colado ao corpo. Jovem, está toda molhada e tenta com as mãos agarrar a parede, embora esteja de costas a mesma. As gotas caem. É escuro, o branco do vestido não é branco. Não há cor, entende? É silêncio. De repente um som forte. Pesado como um navio se aproximando. Porém, parecia que já se afastava. Tudo se afastava. Um rato passa perto dela. Há vida em torno então. Mas era rato? O som não se repete e as gotas ainda caem. O som indica a sua cor. Mas não consigo dizer qual. Um vento então se faz, me faço como pena e entro num redemoinho inesperado. Estou flutuando indo para algum lugar. Me deixo levar e sonho em morrer. Caio numa dessas gotas que a menina despeja. É como estar mergulhado numa banheira de leite condensado, porém escuro e com sabor de passado doído. Há um espelho e nele me vejo. Um espelho aqui? Eu consigo me ver nele? Meu pensamento faz mais sons que todo o ambiente. Me perdi aqui dentro. No limiar da mente.

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