Três homens andavam numa estrada. Eles se consideravam os heróis da estrada. Não sei precisar o tempo, mas eles caminhavam a pé, apesar do medo. Caminhavam de cidade em cidade. Eles não sabiam de onde tinham vindo. "Faz tempo. Se ainda posso falar assim." Dizia um deles, se alguém lhes perguntava sobre suas origens. Um se recordava de que moravam num lugar repleto de água. Isso fazia com que um falasse sobre um cais. Outro cantava uma canção depois da fala do segundo:
Invento o mar
Saveiro amigo
Ele que sabe mais
Pois me lanço
Acima do céu
Eu quero mais
A canção sempre causava um espanto nas pessoas. Os homens não tinham cara de poderiam cantar. Aliás, seus rostos eram repletos de rugas, rosto muito branco e os olhos que nunca piscavam. Piscavam sim, mas com um ritmo menor. "Canções voam pelo ar!" Dizia sempre o primeiro homem depois de ouvir o companheiro cantar. Isso fazia com que eles voltassem ao seu caminho.
Eles ficaram conhecidos como os Homens da Cabeça de Sol. Se espalhou essa forma de chama-los porque alguém falou que eles pegavam Sol de mais. Isso é ridículo. Porém, eles queriam sair de cada cidade sempre por um princípio: "Ir aonde a vida é."
Alguns falam que eles ainda caminham por aí. Outros dizem que eles morreram. Assassinados. As histórias variam de região. Mas tem uma eu gosto. Uma que disse que eles um dia fecharam os olhos. Começaram a andar sem ver nada e isso fez com que eles aguçassem os outros sentidos. Ventania para eles acabou sendo dança. Chuva era canção. E quando fazia-se silêncio eles escutavam o som do corpo. E ouve um dia em que fez muito silêncio. E assim ficou para sempre.
A história diz que nunca acharam o corpo dos homens. Uns não acreditam, pois sempre alguém, no silêncio da noite, escutava aquela canção. E nesse momento alguém lembrava: "Canções voam pelo ar!"
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