Tão fino era aquele silêncio que me tornei Rei
Permiti aos todos Eus que sonhassem acordados
Em meio ao decreto que permitia a troca de tempo-espaço sem aviso prévio
Me tornei menino e fiz de minha primeira namoradinha
A mais verdadeira Rainha
Tão cruéis que éramos que imitávamos nós mesmos
Nos matávamos entre imitações de caracóis, fogo e gente grande
Ela inventou a música
Me tornei um senhor velho que voava entre nuvens
E ela uma semente que desapareceu por cinco anos
Renascendo como uma enorme Figueira naquele morro arredondado
Sozinho pensei no que eu acrescentaria a toda a natureza a minha volta
Mas meus filhos apareceram em formato de rios
Era meu mundo e assim se fez
Entediei-me inúmeras vezes
Até que resolvi me expulsar de meu trono
Elegendo o pequeno grilo como mestre maior
Ele riu, negou e me chamou de idiota
Fiquei lisonjeado e parei de brincar.
Textos, escolhas, cenas e ações. Eu deveria descrever o blog. Mas necessito de algo mais...
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Tempo-choro 9
Era tudo tão suave e azul, calmo e sem insensatez criada ainda. O mundo inteiro estava nascendo. A Terra. Um tempo sem lugar. "Foi um sonho bom!" Acordamos. Ou seria que eu acordei? Quando cheguei ao Sol, nublado de tanto branco, estava em mim, vivo com todas as misérias possíveis. Tentei colori o cenário em minha volta. Mas não. Num jardim em branco e preto queria chorar de tão confuso. Sai andando pelo mundo, na chuva, enquanto tantos dormiam em chão firme.
Meu corpo, meu passado, era um objeto estranho. Sentia coceiras em todo corpo. Parecia que meu corpo estava todo vermelho prestes a se cobrir de feridas.Um grande pus andante foi o que me tornei naquela rua. Cidade inútil me cercava. Andava querendo não querendo chegar em lugar nenhum. Mas que lugar? Que quarto? De quem? Enquanto isso o corpo se transformava. Me tornei um grande nariz. Sentia minha massa epidérmica em formato de um grande pênis, que já não era mais meu, naquela mistura de cigarro e álcool barato crescendo em minha boca. Aquilo não era uma boca. Eu não era nada. Eu-nada. Um nariz desforme que via o seu próprio pênis sair de sua imagem inicial. O mundo fazia-se como uma abismo de luz. Eu via o céu se tornar um infinito azul monstruoso. Me invadia o mundo, enquanto eu notava que nada daquilo lá fora era válido. Percebi o sofrer-esgotado.
Diante daquele caminho que se ia fazendo sem objetivo, meu nariz renegava o meu cheiro inicial. Num piscar percebi meu resto de corpo. Minhas mãos me causavam asco. Fediam! Fediam por demais aquelas inúteis mãos! Cheiro laranja. Lixo tátil. Não podia lavá-las com água. Era necessário sangue, mas sangue não havia mais. Eu queria arrancar todos os membros e vê-los agonizando. Atirá-los naqueles buracos que nasciam naquela terra fria. A chuva-choro, naquele tempo-choro, corroía des-pensamentos. Desejei trocar minha vida pelo silêncio.
Num átimo de força desmaiei. Finalmente voltei a sonhar no oco. A criar o inventado. Misturei todas as minhas nuvens! As costurei num retalho de beijos de paixão. Entre mucosas roxas e rolas longínquas, colossais, inventei os pássaros mais coloridos para além de voar, nadarem! Criei meu novo chão com aquela pele branca tatuada nos meus ossos. Tudo de olhos fechados, cerrados, petrificados e mudos... Queimei todas as minhas esperanças e quebrei minhas pernas para não fazer meu caminho. Não seguir. Morrer em sonho. Desorganizar qualquer vontade. Desmentir a morte. Deixar de ser para não querer. Arrancar minha pele. Ver o mundo nascer e sentir sua dor.
Eu velejava em mares que tinham a areia branca
praia limpa que imitava a Lua como uma atriz de teatro erótico
mar que sempre anunciou o seu fim embora a praia mantinha-se infinita
hoje percebo que meu barco, embora possa nas estrelas chegar,
esta num novo mar, parado, sem vento, sem movimento
crendo apenas no amarelo do Sol
Meu corpo, meu passado, era um objeto estranho. Sentia coceiras em todo corpo. Parecia que meu corpo estava todo vermelho prestes a se cobrir de feridas.Um grande pus andante foi o que me tornei naquela rua. Cidade inútil me cercava. Andava querendo não querendo chegar em lugar nenhum. Mas que lugar? Que quarto? De quem? Enquanto isso o corpo se transformava. Me tornei um grande nariz. Sentia minha massa epidérmica em formato de um grande pênis, que já não era mais meu, naquela mistura de cigarro e álcool barato crescendo em minha boca. Aquilo não era uma boca. Eu não era nada. Eu-nada. Um nariz desforme que via o seu próprio pênis sair de sua imagem inicial. O mundo fazia-se como uma abismo de luz. Eu via o céu se tornar um infinito azul monstruoso. Me invadia o mundo, enquanto eu notava que nada daquilo lá fora era válido. Percebi o sofrer-esgotado.
Diante daquele caminho que se ia fazendo sem objetivo, meu nariz renegava o meu cheiro inicial. Num piscar percebi meu resto de corpo. Minhas mãos me causavam asco. Fediam! Fediam por demais aquelas inúteis mãos! Cheiro laranja. Lixo tátil. Não podia lavá-las com água. Era necessário sangue, mas sangue não havia mais. Eu queria arrancar todos os membros e vê-los agonizando. Atirá-los naqueles buracos que nasciam naquela terra fria. A chuva-choro, naquele tempo-choro, corroía des-pensamentos. Desejei trocar minha vida pelo silêncio.
Num átimo de força desmaiei. Finalmente voltei a sonhar no oco. A criar o inventado. Misturei todas as minhas nuvens! As costurei num retalho de beijos de paixão. Entre mucosas roxas e rolas longínquas, colossais, inventei os pássaros mais coloridos para além de voar, nadarem! Criei meu novo chão com aquela pele branca tatuada nos meus ossos. Tudo de olhos fechados, cerrados, petrificados e mudos... Queimei todas as minhas esperanças e quebrei minhas pernas para não fazer meu caminho. Não seguir. Morrer em sonho. Desorganizar qualquer vontade. Desmentir a morte. Deixar de ser para não querer. Arrancar minha pele. Ver o mundo nascer e sentir sua dor.
Eu velejava em mares que tinham a areia branca
praia limpa que imitava a Lua como uma atriz de teatro erótico
mar que sempre anunciou o seu fim embora a praia mantinha-se infinita
hoje percebo que meu barco, embora possa nas estrelas chegar,
esta num novo mar, parado, sem vento, sem movimento
crendo apenas no amarelo do Sol
Jogo de cartas
Era noite de cachorros engarrafados
Jogatina suja, pois, carcereiros da vida fazem de tudo uma
certa aposta
Na mesa aquela grande-mão-destino estava sendo feita
Dois valetes de espada emperram entre si
Distraídos, como código de vencedores, dentro do choro do
poetinha
Aquela dama apareceu
Não havia sinal nenhum que a identificasse
Como que caindo do céu ou feita ainda do rascunho
Não se via se quer se era preta ou vermelha
“O que seria? Qual é o seu destino” interrogaram-se por
blefe
Aquela dama semelhava-se como aqueles dançarinos coloridos
Que se apropriam até mesmo de trincas para brincar
Embora a moral o julgue fora de um imaginário tabuleiro
A dama insinuava-se para aquela tal trinta com valetes de
espadas
Os valetes, jovens como príncipes, apelaram aos velhos reis
Sábios como aparentam ser, os quatro nórdicos analisaram
A dama seria de longa data de copas, embora tivesse sido de
outro tipo de taça
O seu brasão, ou seu desenho, se aparecia mais um útero
aéreo que outra coisa
Um dos reis, o nórdico dourado, disse que a viu vestida de
prata, de bronze uma vez
E até mesmo em uma festa de bolero, mas toda de roxa
Sobrancelha feita a lápis e uma faixa de Miss Suéter
“Quente! Se é que me entendem?” Terminou o nórdico agora
ouro-rosado
A grande dúvida pairava no ar noturno em meio aquela trinta
Baixado o jogo as cartas voaram para cada canto da
mesa-imaginário
Misturados em meio a muitas cartas, naquela pilha que se
assemelhava a cadáveres
Os valetes sonhavam como qualquer carta solitária sem jogo
feito
A dama sem naipe estava posta do lado de fora do b-aralho
A luz daquele dia desrepleto revelou o jogo falso que foi
feito
Embora a grande-mão-destino houvesse batido
O jogo em seu começo já estava perdido
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