Era noite de cachorros engarrafados
Jogatina suja, pois, carcereiros da vida fazem de tudo uma
certa aposta
Na mesa aquela grande-mão-destino estava sendo feita
Dois valetes de espada emperram entre si
Distraídos, como código de vencedores, dentro do choro do
poetinha
Aquela dama apareceu
Não havia sinal nenhum que a identificasse
Como que caindo do céu ou feita ainda do rascunho
Não se via se quer se era preta ou vermelha
“O que seria? Qual é o seu destino” interrogaram-se por
blefe
Aquela dama semelhava-se como aqueles dançarinos coloridos
Que se apropriam até mesmo de trincas para brincar
Embora a moral o julgue fora de um imaginário tabuleiro
A dama insinuava-se para aquela tal trinta com valetes de
espadas
Os valetes, jovens como príncipes, apelaram aos velhos reis
Sábios como aparentam ser, os quatro nórdicos analisaram
A dama seria de longa data de copas, embora tivesse sido de
outro tipo de taça
O seu brasão, ou seu desenho, se aparecia mais um útero
aéreo que outra coisa
Um dos reis, o nórdico dourado, disse que a viu vestida de
prata, de bronze uma vez
E até mesmo em uma festa de bolero, mas toda de roxa
Sobrancelha feita a lápis e uma faixa de Miss Suéter
“Quente! Se é que me entendem?” Terminou o nórdico agora
ouro-rosado
A grande dúvida pairava no ar noturno em meio aquela trinta
Baixado o jogo as cartas voaram para cada canto da
mesa-imaginário
Misturados em meio a muitas cartas, naquela pilha que se
assemelhava a cadáveres
Os valetes sonhavam como qualquer carta solitária sem jogo
feito
A dama sem naipe estava posta do lado de fora do b-aralho
A luz daquele dia desrepleto revelou o jogo falso que foi
feito
Embora a grande-mão-destino houvesse batido
O jogo em seu começo já estava perdido
Nenhum comentário:
Postar um comentário