Rompantes de
trovões no céu se confundiam
Com balas do
tamanho de cabeças de bebês
Perfurando
qualquer zé ninguém de qualquer canto nenhum
Meu país de
origem em cima de uma mesa quebrada
Era servido
como um tomate verde frito com fígado cru
Um príncipe
dinamarquês morde o lábio que não fala mais nada
Entre jontex,
sempre-livre, latas vermelhas, a um deslize da próxima página
O rei nu virou
um grito de gol
Estamos nos
tornando uma imensa periferia
Tirando o
resto
Eu me encontro
diante deste teto de estrelas imaginárias
Vazio e farto
Entre gente chata, oca e
Triste e
faminto
Com água até o
tornozelo e sedado
Tenho que sair
daqui
Tenho que
matar pessoas
Não tenho que
fazer nada
Não tenho
Não gosto de
minha tristeza
E isso não
significada nada
Porém...
Naqueles
mesmos lugares
De
esquinas e canções
Desviava
de conhecidos para sorrir a ela
Ali:
Princesa da Noite
Destruindo
todas a vontades e desejos em mim
Fazendo
deixar apenas uma
Ela
entoava uma canção
Cercada
de muitos
Aos
seus pés
Olhos atentos para qualquer gesto
A
guardavam para o presente
Tornando-a
temível, é claro
Chuva
caia em tom-primavera
Eu,
ser moribundo, imbecil total
Que
nunca almejou algo a mais do que ser atropelado e acabar com
vida-quase-rastejante
Revoltado infantil
Me
fascinava com ela
Dobrava
minha cabeça, alguns graus e observava atraído
Retraído
em meu mundo, como recusa do tal mundo real, andava a esmo e num silêncio.
Conhaque. Muito conhaque. Havia aquele círculo enorme em volta dela, a
pequena lua terrestre. Orgulhosa, mas carente de mimo. Sempre tive
quedas por mimar a lua. Ali estava. Peito meu balançou. Minhas antigas asas,
enferrujadas, se mexeram. Houve música e árvores. Sempre mudei minha paisagem. E com ela ali, o que eu queria enfim apareceu. Desenhei todo o mundo. Mudo paisagens. Cidade cinza é copo vazio. Conhaque demais. Ela ali dançava. Não como outras.
Seu próprio ritmo. Ela mostrava que vinha de outro lugar. Do lado de
lá. Daqueles lugares em que buscamos em pensamentos. Os desejos voavam. Num rompente atômico, criou-se conexões. Acima
fomos. Música e árvores. Sem pensar, como sempre é, estávamos no mar. Tínhamos
certeza de morrer ali no infinito terrestre. Deus aguado. Na água é que ela
gosta de estar. E fundo fomos... Quando em estralo de tempo me acordou.
Deprimido. Acordei em quarto vazio bem longe. Pensei que outra vez havia sonhado
o mesmo. Mas ali estavas. Olhando em meus olhos. A distâncias de dizer qualquer
fonema. Qualquer ruído. Ainda confundo o real. É pura invenção. Carnal. Selamos
beijo de boa vida; eu sei. A transformei numa pequena flor. Plantei aqui dentro. Somos hoje jardim.
Eu sei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário