quarta-feira, 2 de julho de 2014

Pequena-flor

I

Chuva-chorada caía na cidade
e no meio de milhões de gotas
uma pequena-flor branca se protegia

Eu, homem-tédio, tocava meu falso trompete
(como manda meu itinerário)
em busca de outro conto imaginário para formular

Tudo ao contrário
Mas fazia o meu tipo
Tudo ardia

Pequena-flor de olhos vivos me desfez
de mil memórias onde saiu o velho desejo
que chuva-chorada caía em prata desta vez
e com meu olhativo tentei te dar um beijo

Rua-poetisa soava música em homenagem
ao nosso encontro de silêncios-filetes
dançando em meio ao nosso humor-boa-viagem
Pequena-flor exaltava perfume em minha tosca face
e eu tentava seduzir com velhos cacoetes

II

Nunca uma estrada vazia se fez tão bela
Nunca tinha sido tatuado
Marca de beleza-rainha em meu andar
Não houve fim, mas um eternizar

III

E hoje a chuva-chorada não está
em seu lugar chove-choro
dias assim não estou de bem com a vida
não passa na alma afogar-me em conhaque

Queria virar borboleta jogada de vez
em vez de fazer votos em versos para aquilo que tanto rasurei

O passado ilumina tudo o que vejo aqui
quarto-mirante de sonhos que me faz lembrar:
"Eu velejava em você!"
Rosto seu aparece em mar e em Lua
Nadando em mar-poema feito a dois

Porém, hoje me afogarei sem renascer

IV

Doses triplas de Aldir Blanc
Penso na miséria da tristeza e da saudade

Como para sentir suas andorinhas em mim
Teu amor-andorinha fez ninho eterno aqui
Canta em meio ao jardim de Pequena-Flor
Onde brincamos de crianças, amantes, acrobatas

Querida querubim molhada de terra branca
Submersa em nuvens a luzir, lembro-me que
Nosso amor nunca foi barato
e que tua ausência é extremamente irritante





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