quinta-feira, 10 de setembro de 2015

sobre essa quinta

ando mais triste e solitário em alguns dias
me chamam de barba pela rua
sou um ponto isolado para referência alheia

e os mortos seguem andando em suas calçadas sujas
em seus caminhos esburacados
com o concreto sangrando pequenas plantas rasteiras

como tudo aqui é rasteiro
a fala do outro é rasteira
seu olhar imita o mesmo padrão
e o desejo de mudar arrasta-se da mesma forma
arranhando-se no que resta do cimento compactado na calçada disforme
mas tudo bem
tudo segue muito bem obrigado

perante o homem ou a mulher que andam ereto
com dores e problemas nas costas
mas em si eretos com o olhar a esse embaçado horizonte
com essa tola intolerância com o por vir da morte
mas não dando a mínima para o próximo amanhecer

são características que se fazem
enquanto isso
os insetos voadores invadem minha cozinha
perdem suas asas e se arrastam pela casa
meus gatos os comem
eu como meus gatos
e espero com uma xícara de café na porta da frente
aparecer um imenso peixe metálico para me engolir

a vagareza de algumas coisas me deixa com náusea

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