quinta-feira, 1 de outubro de 2015

dez horas

dez horas da manhã
os noticiários invadem a minha porta
os gatos comem
as lagartixas morrem
eu tento acordar
a base de um imenso balde de café

as dez horas da manhã
o relógio da parede começa a derreter
no quarto ao lado minha filha toca violino
imaginário
todos os instrumentos de minha casa são
imaginários
assim como a paz de espírito
e essa calmaria no telhado de minha cabeça
que nunca acontece

será dez horas amanhã
quando ficarei trancado no quarto
em voz baixa
tentando entender o corpo que apareceu
na calçada na frente de casa
e porque o vizinho me chama de "filha"
toda vez que passo a frente de sua casa

as dez horas eu tento entender
o que os gatos comem
os corpos jogados no meu café
e as lagartixas imaginárias
dentro do violino
tocando o meu espírito que destrói
o telhado de minha casa
fazendo cair a minha filha
bem no meio de minha cabeça

Nenhum comentário:

Postar um comentário