mira o sol que me acompanha nesses últimos meses
como se não fosse só ele que me acompanhasse
e não preciso mais repetir o que eu fazia a muito tempo atrás
uma leve oração para me encontrar
para desejar dividir este mundo com alguém
mas já esta tarde demais para eu estranhar o sol
assim como para te chamar
porque gritar em meio a multidões
se meus dedos estão entrelaçados nos teus
seria estúpido da minha parte
acreditar que me constituo sozinho
que retornei a caminhar numa velha pinguela
tendo aquele antigo medo de viver
(e me pergunto hoje porque disso)
abaixo de meus pés
mira o vento que entra em correntes pela janela
limpando esta minha poluição de certezas
estas teias enrugadas entre meus músculos
que empoeiram qualquer coisa de vivo em minhas gavetas
é este sopro novo que vem
retirando todo o sangue e estilhaços de ferimentos
que criei por mesquinhez própria
dentro desse poço-umbigo
quando ainda acreditava valer só de mim
para ser qualquer coisa alegre
mira o sol e verás que assim como ele
te acompanho em eterno brilho
admirando cada andar seu
amando até mesmo a silhueta de sua sombra
porque se olhar para o corpo
volto a ficar em silêncio novamente
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