Eu era erótica e me matava ao vivo mais de mil vezes a cada segundo.
A minha maior paixão e meu maior medo oferecido como banquete a todos e todas.
A personagem me vestia e eu a comia com todos os verbos, todos os músculos, com meus lábios vermelhos.
Lábios que choravam e pintavam o céu nu de uma madrugada alaranjada.
Sonhos explodindo como flores de Mozart.
Sonhos refletidos, invertidos, perdidos em espelhos, encontrados em labirintos.
Eu era atriz.
Dona de mim, escrava da noite eu atuava em pleno fogo!
O palco era um chão de lava, as testemunhas ardiam.
Ah! Quem dera eu me transportar e ver o teatro explodindo, lavado em chamas, lá do alto, ao lado de Dionísio, de sangue-puro-vinho.
No meu sonho eu era atriz!
E com todos os olhos eu te pintava!
Com todos os choros eu te cercava!
Com risos eu fingia que ali eu não era ninguém!
Mas era eu!
Inteiramente eu, na mais sincera ação possível!
Ah!
No meu sonho eu era atriz!!!
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