não quero aqui me tornar um mero passageiro seu
se eu for realmente um dessa espécie
que seja um desses marginais com a insignia de estrangeiro
de uma pessoa que venha a morar um tempo num lugar
em você
para te consumir em tudo o que eu possa ter
não como um turista conhecendo os mesmos lugares que os outros
os mesmos sorrisos divididos com esses otários que circulam por aí
não
quero, a partir de ti, tornar esse passageiro do mesmo trajeto de sempre
mudando de lugar
trocando da janela da frente para o corredor do fundo
indo ao lado de sua direção
de seu controle
o meu desejo é aquele que arrepia a sua pele
meu descontrole se move quando você troca o próprio trajeto
não quero aqui me tornar um simples passageiro
seria incomodo
seria difícil tento já em mim marcado sinais que vem de você
já constituindo em minha bagagem traços seus
de abraços, de falas precisas e olhares perfeitos
quero permanecer
quero trocar de identidade e fazer com você minha morada
onde possamos trocar passos pela noite
de degrau em degrau alcançar as praias desertas
tocar o mar e descobrir teu sexo até onde eu me perder
te encontrar numa falésia
tocar seus lábios e lembrar que a vida me esqueceu longe de você
te abraçar totalmente nu em seu corpo como o meu
eu vou te encontrar
vou dividir esse sorriso com você
e diante de tantas pedras de tantos silêncios e de ilusões
dividiremos canções solitárias
e notaremos que no fundo
nem eu nem você
se tornou um passageiro para o outro
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