quarta-feira, 12 de agosto de 2015

texto possivelmente surrealista ante o tabagismo

é incrível como os telhados meus vizinhos como são me surpreendem por serem tão brasileiros. telhados de brasil. ligados acasos e casa de maneira tão sutil. e ao lado de minha janela homens pintam a casa do lado, tentando renovar o velho móvel. sim. devemos. como um exercício existencial, pré-socrático para os tarados, cuidando de si, limpar a casa. renovar a gaveta e pintar o portão. isso me lembra que devo te esquecer. devo te deixar para o outro lado, uma coisa passante. mas o problema se encontra ai. não é fácil te deixar em qualquer canto e sem memória alguma. levarias umas parte minha terra a baixo. e essa parte aqui do meu sorriso teria que ir junto. essa forma de olhar para aquele lado enquanto levanto meus braços dessa maneira, deixariam de existir. essa é dificuldade. pior que parar de fumar. mas não vou mostrar meus poemas eróticos. com todas aquelas palavras que fala sobre bunda. cu, buceta e coxas. não teria como olhar para você, assim tão doce, que nem um adeus pode apagar.
os gatos estão aumentando. tem dias que parece que há dez na minha casa. mas são só dois. e sou só eu que nada parece apagar essa minha lembrança de que eu estou descolado de você. que estou impotente diante muitos pedaços de horizontes. esse sou eu, matéria prima em termos de inferioridade própria. se eu tivesse um slogan seria: atira-se da ponte ou na sua cabeça, atira-se! ´[e preciso as vezes acabar com qualquer coisa. dinamitar-se na beira de algum lugar limítrofe! um abismo ou canto de balcão do bar.
nada deveria existir depois das oito da manhã. do crepúsculo. do meu começar a respirar ou notar o que aparece diante dos meus olhos, a tona. por favor, retirai de mim este tentar persistir sempre, enquanto como um pedaço de carne qualquer com mostarda e um copo de cerveja de trigo, imaginando que sim! estou nos meus melhores tempo!! mentira! é só virar a esquina que me lembro que estou sozinho. sozinho para sempre. porque a linha está muda. o desenho está em preto e branco. o sexo é entre eu e eu mesmo. algo sucinto. atrofiado e rápido. como para não ter vergonha de si mesmo, como para não injetar na cabeça a ideia de que o que me cerca é a náusea pura. não. nunca mais isso.

me vejo diante de uma parede enorme de rocha. escuto nada. apenas a altura de meus pensamentos. se eu parasse de pensar escutaria a chuva ou o pedido de ajuda acima da falésia a dez metros de minha cabeça. mas não. estou costurado em meu umbigo imaginando a cor de meu caixão. imaginando quem irá erguê-lo e quem jogará no chão. na verdade o número que estará na placa é mais indagador. não quero meu nome. não quero viver como alguém que deixou algo. quero viver como alguém que viveu com os outros. se eu morrer que levem a metade do mudo comigo, porque não vivi tudo isso sozinho. vivi tudo isso sempre com alguém na mente. você.

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