Textos, escolhas, cenas e ações. Eu deveria descrever o blog. Mas necessito de algo mais...
segunda-feira, 23 de março de 2015
os pés
os pés vão se entrando. encurvados ao caminharem. tateiam o chão desde sempre e desde sempre acham aquilo esquisito demais para se tocar. o chão para aqueles pés não era sinônimo de algo firme. não entendia porque a terra não caída de fato como todas aquelas células ligadas em si. penetravam na idade daquelas pequenas partículas. monstras! diziam pois não os faziam esquecer de que tinham vindo de algum lugar. lugar que não existia que agora aqui está mas que depois não. isso em parcelas de bilhões de anos. o que parecer ser balela pura para se preocupar mas justamente essa balela fantasiosa era porque máximo para não ligar nada. nem um ponto a outro. nem um laço sequer. nada de nós nessa terra. nada de se ater, se apegar, por isso o curvamento daqueles pés e dedos. sozinhos. abandonados pernas que não entram na memória deles. visto de dois centímetros de altura o mundo se parece com uma imensidão tenebrosa. pés murchos de lágrimas. não há porque das lágrimas. memória não lembra certo o que fazer e porque. gatilho de explosão emocional é antiga demais. aquelas pequenas partículas que caem fazem tudo ficar mais tarde e almejar destino fatal o mais cedo que puder. o vir a ser é piada de mau gosto aqui. aqui aonde. nada de espaço. perdidos no tempo negam o espaço que o dão sentido ao ser. ao persistir. ao falhar ininterrupto. o eterno adeus. e os pés tateiam em qualquer sentido. acima ou abaixo a esquerda ou direita. quem sabe. vai saber. segue esfriando mais anoitecendo cada vez mais. e o barulho vai diminuindo. não há rastros de som. não há rastros deles na memória de ninguém. os pés vão se entrando formando uma massa epidérmica feia. uma bola mal feita como o que circunda. aquilo tudo ali visto a dois centímetros de altura. onde a queda é mais fatal aos olhos. onde o horizonte é mais que tanto mar e neblina. eles se esconde em si de unhas encravadas e longas. rasgando o senso. rasgando o ato. se furam e se acabam em minúsculas partículas. que entram terra úmida a dentro. vivendo para sempre sem saber.
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