quinta-feira, 5 de março de 2015

sobre as coisas que direi ontem

necrose no meu órgão da esperança
consigo apenas amarrar um pequeno cordão na porta da frente
fechando a porta com meu dente do futuro preso
e o sangue não escorre

pela parede alta
num desses dias suados que canta tristeza
amarelo desencantamento

num sopro a minha casa
a primeira
de portas e janelas azuis
me vejo caído na frente
entre pedras enormes com o joelho estourado
sem sangrar

parece que não sangro
somente internamente
mas mesmo lá
sou acompanhado por essa necrose congênita

e mesmo assim
sigo bebendo com estranhos de vidas passadas
cada qual com sua dor pessoal
demais para mim

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